domingo, 1 de dezembro de 2013

Excesso de cálcio é uma das chaves da morte de neurônios própria do Alzheimer


Carlos Villalobos, cientista do IBGM de Valladolid, explicou hoje em Salamanca uma das principais linhas de pesquisa de base contra as doenças neurodegenerativas

JPA/DICYT Pesquisadores do Instituto de Biologia e Genética Molecular (IBGM), centro misto do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) e da Universidade de Valladolid, estudam como o excesso de cálcio é uma das chaves que provocam a morte de neurônios, as células do sistema nervoso, produzida no alzheimer e outras doenças neurodegenerativas. Assim explicou hoje no Instituto de Neurociências de Castilla y León (Incyl) Carlos Villalobos, pesquisador do IBGM de Valladolid.

 “Estamos pesquisando a hipótese do cálcio, pela qual alterações na entrada de cálcio nas células podem implicar a morte neuronal característica do mal de Alzheimer”, declarou o especialista a DiCYT. “O cálcio funciona como um ativador de todas as células e dos neurônios em particular, mas se entra de forma excessiva, pode provocar a morte dos neurônios”, afirma.

 No entanto, Carlos Villalobos deixou muito claro que este excesso de cálcio não tem nada a ver com o consumo de cálcio através dos alimentos, muito recomendado pelos médicos para manter fortes os ossos, especialmente em pessoas idosas, precisamente nas que sofrem de alzheimer ou outras doenças neurodegenerativas. “O cálcio intracelular não tem muito a ver com o cálcio necessário para os ossos, já que este se acumula e forma parte da estrutura óssea”, observa. “É certo que a absorção do cálcio é necessária para que este atinja as células, mas o problema que podem ter alguns neurônios com este elemento não está relacionado com sua ingestão”. 

 
Para estudar os neurônios, os cientistas que trabalham neste campo no IBGM utilizam ratos recém nascidos ou cultivos celulares estimulados com o chamado peptídeo amilóide, molécula que é a base das placas amilóides características do mal de alzheimer e que “produz uma entrada massiva de cálcio, responsável pela morte dos neurônios”.

 
Fisiopatologia do cálcio

 
Definitivamente, o que mata os neurônios através deste mecanismo é o excesso de cálcio, ainda que este feito não seja exclusivo do alzheimer. “Há muitas doenças nas quais a morte celular é produzida por excesso de cálcio, do que se começou a ter conhecimento agora. Nos últimos 10 ou 20 anos, foram estudados os canais e sistemas de transporte que movem o cálcio dentro e fora das células. Agora se iniciaram os estudos da fisiopatologia do cálcio, isso é, como as alterações destes fluxos produzem morte celular e, neste caso, neuronais”, explica o especialista.

 

Este tipo de pesquisas de base tem como objetivo contribuir futuramente ao desenvolvimento de algum tipo de medicamento, ainda que neste caso já existam medicamentos contra o alzheimer baseados na hipótese do cálcio. De fato, atualmente existem dois tipos de medicamentos contra o alzheimer, de acordo com Villalobos. “Os inibidores de acetilcolinesterase e os que estão baseados em memantina, que funciona como um antagonista do cálcio, mas não protege de forma adequada nem detém o curso da doença”, certamente porque, na realidade, “não é o alvo adequado ainda que previna o excesso de cálcio”. Por isso, é necessário seguir aprofundando os estudos nesta linha, porque “se encontramos o alvo adequado, talvez possamos deter o curso da doença, que é o que não fazem os medicamentos atuais, que a atrasam, mas não a detém; paliam os sintomas, mas não a curam”, assevera.

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