terça-feira, 28 de outubro de 2008

Dólar fecha a R$ 2,18; Bovespa valoriza 9,65% com disparada de NY

O mercado de câmbio negociou o dólar comercial a R$ 2,188 na venda, em retração de 2,49%, nas últimas operações desta terça-feira. O Banco Central colocou no mercado mais US$ 497 milhões em contratos de "swap" cambial, a vencer nos meses de janeiro, abril e junho de 2009. Esses contratos oferecem proteção ao agente financeiro contra as oscilações do câmbio e tendem a diminuir a pressão sobre os preços da moeda americana.

Em dia de trégua na crise, os investidores voltaram às compras e impulsionam a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), em alta de 9,65%, aos 32.274 pontos. O giro financeiro é de R$ 3,7 bilhões. Somente nos últimos cinco dias, a Bolsa amargou perdas de 25,4%. Nos EUA, a Bolsa de Nova York dispara 5%.

Os preços da moeda americana se mantiveram em queda durante o todo o dia, após dias consecutivos de intervenção agressiva do Banco Central. Desde o final do mês passado, o nível das reservas internacionais oscilou de US$ 206,486 bilhões para US$ 203,791 bilhões.

"Os importadores aproveitaram este momento para efetuar os pagamentos que estavam aguardando um patamar de taxas mais favorável, e que não podiam mais ser postergados, o que impediu uma queda maior das cotações", afirmou Miriam Tavares, diretora da AGK Corretora, em relatório sobre o mercado financeiro.

Juros futuros

Em um dia de ajustes, o mercado futuro de juros, que referencia as tesourarias de bancos, seguiu de perto a dinâmica do câmbio e rebaixou as taxas projetadas para 2009, 2010 e 2011.

No contrato com vencimento em janeiro de 2009, a taxa projetada cedeu de 14,13% ao ano para 13,90%; no vencimento de janeiro de 2010, a taxa projetada caiu de 16,58% para 15,84%; no contrato com o vencimento de janeiro de 2011, a taxa prevista retraiu de 17,60% para 16,70%.

Fed e Copom

Investidores e analistas de mercado contam as horas para a "super-quarta", quando os comitês de política monetária, do Brasil e dos EUA, anunciam as taxas de juros básicas de seus respectivos países. Economistas do setor financeiro esperam que o Copom (Comitê de Política Monetária) mantenha a taxa Selic em 13,75%, diante do turbulento cenário mundial. Nos EUA, a expectativa se concentra por um novo corte dos juros americanos, provavelmente de 1,50% ao ano para 1,25%.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Bolsa fecha em alta de 14,66%, a maior desde 1999

São Paulo - Após uma semana com perdas históricas nas principais praças financeiras internacionais, os investidores reagiram com otimismo hoje à ação coordenada de vários governos europeus que decidiram no fim de semana colocar em ação um plano de criação de fundos nacionais de recapitalização e de garantias do sistema financeiro. As altas na Ásia e na Europa contagiaram as operações nos Estados Unidos, beneficiando a Bovespa.

No encerramento, o Ibovespa registrou 40.829,13 pontos, na máxima do dia, em alta de 14,66% - a maior variação positiva desde 15 de janeiro de 1999, quando o índice subiu 33,4%. Durante a sessão hoje, a mínima foi aos 35.609 pontos (estável). O volume financeiro somou R$ 5,248 bilhões. Apenas para ilustrar, na semana passada, a Bolsa acumulou uma perda de 20%. Hoje, nenhuma das 66 ações que compõem o Ibovespa encerrou no vermelho; 47 delas, ou mais de dois terços, tiveram ganhos superiores a 10%.

Ontem, em Paris, líderes dos 15 países que integram a zona do euro afirmaram que irão garantir os empréstimos interbancários até 2009 e permitir que os governos comprem ações de instituições financeiras em dificuldade. Alemanha, França e outros países europeus divulgaram planos de resgate para recapitalizar seus bancos e descongelar o mercado de crédito, na esteira do anúncio de medidas no Reino Unido para estatizar partes de seu sistema bancário, uma campanha coordenada com a qual irão gastar mais de 1,68 trilhão de euros (US$ 2,28 trilhões), conforme reportagem do Financial Times.

"Nós estamos muito satisfeitos ou, melhor, imensamente aliviados com o fato de que a zona do euro chegou a um plano para combater o atual estresse financeiro", diz relatório do BNP Paribas divulgado hoje a clientes. "Nós saudamos sinceramente o fato de que alguma coisa foi feita, finalmente. Combinado com as medidas do BCE na última semana, equivale a um substancial e coerente plano para enfrentar o estresse no setor financeiro", diz o relatório.

"Ninguém pode esperar que qualquer uma dessas medidas possa evitar a recessão. As forças da contração econômica já estão em movimento há muito tempo devido à crise de crédito", disse Mike Lenhoff, estrategista-chefe da Brewin Dolphin Securities em Londres, à Dow Jones. "Mas a intenção por trás da introdução das ações coordenadas e, em grande parte, a resposta uniforme têm como objetivo restaurar a confiança e prevenir que a recessão se transforme em algo muito pior", acrescentou o especialista.

Ainda, as autoridades britânicas confirmaram o investimento de 37 bilhões de libras esterlinas (US$ 64 bilhões) no Royal Bank of Scotland (RBS), no Lloyds TSB e no HBOS para elevar o capital dessas instituições. E o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) anunciou que proverá o que for necessário de recursos em dólar por meio de suas linhas de swap (troca de ativos financeiros) com o Banco Central Europeu, o Banco da Inglaterra e o Banco da Suíça.

A "ousadia" européia evitou alguma reação mais morna ao resultado do encontro do G-7, em Washington. Na sexta-feira, o grupo dos sete países mais ricos do mundo mostrou consenso entre os participantes em torno da necessidade de recapitalizar bancos com fundos públicos e privados, garantir depósitos e descongelar os mercados de crédito. Mas não trouxe medidas concretas e ameaçou frustrar os investidores, conforme chamou a atenção relatório de uma importante consultoria internacional enviado a clientes. "O menos do que decisivo comunicado do G-7 é improvável de amenizar os receios", diz.

Na Europa, os principais índices acionários fecharam com altas expressivas. O londrino FTSE-100 avançou 8,26%. Em Paris, o CAC-40 aumentou 11,18%. O DAX, de Frankfurt, ganhou 11,40%. Na Ásia, a Bolsa de Tóquio não funcionou por feriado no país, mas os outros mercados também fecharam no azul. A Bolsa de Hong Kong subiu 10,2% e a de Cingapura, 6,6%. Em Nova York, o índice Dow Jones subiu 11,08%, o S&P-500 aumentou 11,58% e o Nasdaq Composite valorizou-se 11,81%.

No Brasil, o Banco Central também anunciou novas medidas que impulsionaram as ações do setor bancário - já influenciadas positivamente pelas suas pares nas bolsas norte-americanas e européias. A autoridade monetária nacional decidiu implementar, a partir de hoje, um "programa de liberação integral dos recolhimentos compulsórios". A medida vai atingir os depósitos a prazo e interfinanceiros de empresas de arrendamento mercantil (leasing) e também a exigibilidade adicional, que atualmente recai sobre os depósitos à vista e a prazo. Segundo a autoridade monetária, a decisão libera até R$ 100 bilhões.

Nesse cenário, Bradesco PN subiu 22,13%, Itaú PN valorizou-se 23,37%, Banco do Brasil ON aumentou 20,71% e Unibanco units ganharam 22,77%.

As blue chips (ações de primeira linha) da Bolsa brasileira também apresentaram avanços significativos. Petrobras PN ganhou 12,08% e Petrobras ON, 11,66%, beneficiadas ainda pela alta dos preços do petróleo no mercado internacional. Na Bolsa Mercantil de Nova York, o petróleo subiu 4,49%, a US$ 81,19 por barril. No caso das ações da Vale, a elevação nos preços dos metais também corroborou a recuperação dos papéis. Vale PNA subiu 13% e Vale ON, 13,07%.

No Ibovespa, as altas foram lideradas por Ultrapar PN (+31,14%), JBS ON (+27,24%) e B2W ON (26,11%).