Excesso de cálcio é uma das chaves da morte de neurônios própria do Alzheimer
Carlos Villalobos, cientista do IBGM de
Valladolid, explicou hoje em Salamanca uma das principais linhas de
pesquisa de base contra as doenças neurodegenerativas
JPA/DICYT Pesquisadores
do Instituto de Biologia e Genética Molecular (IBGM), centro misto do
Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) e da Universidade
de Valladolid, estudam como o excesso de cálcio é uma das chaves que
provocam a morte de neurônios, as células do sistema nervoso, produzida
no alzheimer e outras doenças neurodegenerativas. Assim explicou hoje no
Instituto de Neurociências de Castilla y León (Incyl) Carlos
Villalobos, pesquisador do IBGM de Valladolid.
“Estamos pesquisando a hipótese
do cálcio, pela qual alterações na entrada de cálcio nas células podem
implicar a morte neuronal característica do mal de Alzheimer”, declarou o
especialista a DiCYT. “O cálcio funciona como um ativador de todas as
células e dos neurônios em particular, mas se entra de forma excessiva,
pode provocar a morte dos neurônios”, afirma.
No entanto, Carlos Villalobos
deixou muito claro que este excesso de cálcio não tem nada a ver com o
consumo de cálcio através dos alimentos, muito recomendado pelos médicos
para manter fortes os ossos, especialmente em pessoas idosas,
precisamente nas que sofrem de alzheimer ou outras doenças
neurodegenerativas. “O cálcio intracelular não tem muito a ver com o
cálcio necessário para os ossos, já que este se acumula e forma parte da
estrutura óssea”, observa. “É certo que a absorção do cálcio é
necessária para que este atinja as células, mas o problema que podem ter
alguns neurônios com este elemento não está relacionado com sua
ingestão”.
Para estudar os neurônios, os
cientistas que trabalham neste campo no IBGM utilizam ratos recém
nascidos ou cultivos celulares estimulados com o chamado peptídeo
amilóide, molécula que é a base das placas amilóides características do
mal de alzheimer e que “produz uma entrada massiva de cálcio,
responsável pela morte dos neurônios”.
Fisiopatologia do cálcio
Definitivamente, o que mata os
neurônios através deste mecanismo é o excesso de cálcio, ainda que este
feito não seja exclusivo do alzheimer. “Há muitas doenças nas quais a
morte celular é produzida por excesso de cálcio, do que se começou a ter
conhecimento agora. Nos últimos 10 ou 20 anos, foram estudados os
canais e sistemas de transporte que movem o cálcio dentro e fora das
células. Agora se iniciaram os estudos da fisiopatologia do cálcio, isso
é, como as alterações destes fluxos produzem morte celular e, neste
caso, neuronais”, explica o especialista.
Este tipo de pesquisas de base
tem como objetivo contribuir futuramente ao desenvolvimento de algum
tipo de medicamento, ainda que neste caso já existam medicamentos contra
o alzheimer baseados na hipótese do cálcio. De fato, atualmente existem
dois tipos de medicamentos contra o alzheimer, de acordo com
Villalobos. “Os inibidores de acetilcolinesterase e os que estão
baseados em memantina, que funciona como um antagonista do cálcio, mas
não protege de forma adequada nem detém o curso da doença”, certamente
porque, na realidade, “não é o alvo adequado ainda que previna o excesso
de cálcio”. Por isso, é necessário seguir aprofundando os estudos nesta
linha, porque “se encontramos o alvo adequado, talvez possamos deter o
curso da doença, que é o que não fazem os medicamentos atuais, que a
atrasam, mas não a detém; paliam os sintomas, mas não a curam”,
assevera.